Dia 04 de abril o Conselho do Centro de Humanidades da UFC homologou a ata de sua 555º reunião ordinária na qual 33 conselheiros (Chefes de Departamento, Coordenadores de Cursos, Representantes de Servidores, Representantes do Corpo Discente) APROVARAM UNANIMEMENTE O USO DE TODOS ESPAÇOS SOLICITADOS para as atividades do Conexão de Saberes, Conexões Culturais e ALOJAMENTO nas DEPENDÊNCIAS DO CENTRO DE HUMANIDADES. Desde então a comissão de logística iniciou um diálogo assertivo com a Prefeitura do Centro de Humanidades a fim de construir um planejamento logístico que garanta segurança e limpeza dos espaços acadêmicos utilizados pelos Encontristas como alojamento.
No Brasil, o curso de Letras é majoritariamente formado por estudantes de origem popular. Entre 2004 e 2009, 73% dos alunos de Letras de universidades públicas eram oriundos de escolas públicas, 74% exerceram atividades remuneradas durante a graduação e apenas 10% tinham pais com curso superior. Em 2018, as universidades são mais populares ainda que em 2009. Políticas públicas ampliaram nosso acesso: O processo de expansão de universidades que teve grande impacto com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), lançado em 2007 e encerrado em 2014; A consolidação de uma política de ações afirmativas que reserva 50% do número de vagas ofertadas para jovens da rede pública; E o ENEM como sistema de seleção única para a maioria das universidades públicas. O acesso aumentou, mas não garantiu uma universidade realmente democrática. Não garantiu um ensino sem soberba, sem elitismo. Não garantiu uma extensão que estabeleça relações de interdependência com as comunidades populares. Enfim, somente o acesso não garantiu que estudantes de origem popular possam viver a universidade para além de suas disciplinas, crescer viajando, ampliar horizontes e estabelecer parcerias de pesquisa ao participar de eventos acadêmicos fora da cidade onde estuda. O Direito ao acesso e acolhimento em um Encontro Estudantil, sejam quais forem seus limites territoriais, somos nós que postulamos e conquistamos ao articular recursos, gentes e intenções em função de tal projeto, dos objetivos que ele implica.
O direito de uma universidade de fato popular e democrática, será uma conquista nossa: agentes públicos, alunos, professores e servidores que acreditam que uma das maiores potências da Universidade Pública Brasileira é seu novo perfil Discente Popular. Mais que nunca a universidade tem a oportunidade de criar um diálogo com o povo, pois o povo está em suas salas de aula. No caso do IV Encontro Internacional, morando em suas dependências, re-territorializando o espaço acadêmico com nossos corpos, cantos e discursos populares em viva e afetuosa interação.
Texto: Paulo Bocão
Fonte dos dados:
Grupo Estratégico de Análise da Educação Superior no Brasil / Laboratório de políticas públicas da UERJ, publicação de 2013. Alunos entre 2004-2009.